Um livrinho de cordel pode ser feito por crianças. Explorar a imaginação e a criação poética é um caminho para desvendar o mundo e concretizar as ideias dos pequenos. Mas por que cordel? Ao fazer o livreto tão famoso e com origem na Idade Média, as crianças vão ter em mãos, não só um livro, mas um livro que tem uma corrente história por trás. Um livro que tem nome e que tem origens e ligações com o povo português e brasileiro.
A arte da cordelaria é ligada à poesia oral. O dom de recitar versos em frente ao público. De aprender a se dirigir a grandes plateias e dela, segurar à atenção por alguns minutos ou até horas. Antigamente o cordelista era chamado o jornalista do povo. No século XIX eram eles que levavam as notícias para as diferentes cidades do sertão do nordeste, contavam também estórias inventadas, criadas do imaginário popular, como contos e lendas, e as crianças também faziam parte do público.
O nome mais conhecido e que serve de referência ao cordel é o poeta Leandro Gomes de Barros, ele nasceu em Pombal-PB. Escreveu mais de 250 cordeis e é seguido até hoje pelos fãs que colecionam os livrinhos de sua autoria, é chamado carinhosamente de “o rei da poesia do sertão e do Brasil”. O cordel veio ao Brasil através dos colonizadores e se integrou facilmente na cultura brasileira, com mais força no nordeste. , em 1865
Atualmente em escolas espalhadas pelo Brasil, professores ao tentar incentivar a arte da escrita e da poesia utilizam o cordel com exemplo. Simples de ser produzido, com folhas de papel ofício dobradas e grampeadas, coloridas ao gosto da criança, é uma produção simples e barata. A escolha do tema pode ser discutido em aula, inclusive utilizando temas educativos, por exemplo: “Merenda escolar” , “Meu lanchinho da escola”, “Eu ajudo a natureza reciclando”, entre outros.
O cordel produzido pelos alunos pode ter 6 folhas, os poetas profissionais escrevem os poemas seguindo regras de rima, métrica e oração. Mas isso depende da faiza etária dos alunos em trabalho, pode ser divertido coletar palavras que rimam, fazer um mural com elas, de acordo com o tema, e depois tentar montar com eles os versinhos de sextilhas, por exemplo.
As sextilhas são estrofes de seis versos, por isso o nome, tem origem nas quadras muito utilizadas na Idade Média, foram introduzidas mais dois versos, assim nascendo a sextilha, um dos tipos mais escritos e também cantados pelos cantadores de viola. Na sextilhas a rima é no versos pares, as outras linhas são livres. Como por exemplo:
Admiro o pica-pau
Fazer buraco em angico
Tem hora que taco-taco
Tem hora que tico-tico
São sente dor de cabeça
Nem quebra a ponta do bico
Essa sextilha é do poeta paraibano Manoel Xudu, feito de improviso em uma cantoria.
Os cordelistas profissionais usam hoje em dia como capa, desenhos de xilogravuras, arte tipicamente brasileira. O desenho é talhado na madeira, depois pintado com tinta preta e impressa no papel. Um dos renomados artistas, com peças exportadas para a europa, é o J. Borges, ele retrata danças típicas do carnaval, das festas de São João e representa através de seus desenhos personagens do nosso folclore.
Não esquecendo que a exposição dos cordeis deve seguir a tradição, são amarrados em barbantes ou cordas. Era também chamado no passado de folheto de feira, por serem exibidos ao público em feiras livres. Nos dias de hoje há uma grande produção feita por universitários que redescobriram essa arte e produzem os tais livrinhos com temas sobre política, economia etc. Fazem também via internet trocando estrofes e compondos livros virtuais.
Divertido também é a leitura em voz alta de cada cordel confeccionada pela criança, um palco na sala de aula e a prática da oralidade é a combinação perfeita para tal atividade. Por fim, é só diversão conectada ao aprendizado da história da poesia popular brasileira.
Texto escrito pela jornalista Roberta Clarissa Leite para o Ensinar-Aprender
As crianças adoram seu blog, usamos na escola.Obrigada. Prof: Olívia
As crianças adoram seu blog, usamos na escola.Obrigada. Prof: Olívia