Mostrar a importância de respeitar as diferenças é uma lição que deve ser ensinada desde os primeiros anos de escolaridade
A professora Rita, citada no início desta reportagem,acredita piamente nisso. Ela criou o projeto Griô, palavra de origem africana que significa \”contador de histórias\”, para valorizar a identidade racial das crianças. Em sua escola, 89 dos 150 matriculados são afro-descendentes, mas poucos conheciam a cultura de seus antepassados. De início, ela promoveu rodas de conversa, localizou a África num globo terrestre e apresentou Vovô Zezinho e Maria Chiquinha, um casal de bonecos pretos que virou mascote da turma. Rita escolheu sete contos que exploram a africanidade e associou cada um deles a uma atividade diferente (o conhecimento da cultura afro, por exemplo, ampliou-se com uma atividade de sensibilização). Para o primeiro conto, Aguemon,que trata do nascimento da Terra, ela trouxe para a escola sementes de várias texturas, cores e tamanhos.Na segunda história, Xangô e o Trovão, cada criança identificou as partes do corpo e as diferenças entre meninos e meninas. Duas histórias do livro Ilê Ifé – O Sonho do Aiô Afonjá deram origem às seguintes atividades: após a fortura de A Terra Mexida e Plantada Dá Frutos, todos plantaram sementes no jardim para aprender que também as pessoas precisam de respeito e cuidados, e a história Ossain, o Protetor das Folhas inspirou uma tarde de chás, produzidos com ervas da flora brasileira,com a participação dos pais. Os familiares também foram mobilizados para ajudar na produção de panôs (um tipo de artesanato de origem africana em que vários retalhos, de diferentes tamanhos e cores, são reunidos para representar a diversidade) inspirados por Bruna e a Galinha d\’Angola.E funcionárias da escola ajudaram a fazer birotes nos cabelos das meninas depois que a professora leu para as crianças o livro As Tranças de Bintou. Brenda, a que se achava feia, logo percebeu que existem vários padrões de beleza. O projeto exigiu muita dedicação de Rita, mas lhe rendeu o primeiro lugar no prêmio Educar para a Igualdade Social, promovido pelo Centro de Estudos das Relações do Trabalho e da Desigualdade no ano passado.\”Hoje, os pequenos se sentem mais seguros e respeitam mais os funcionários da casa\”, afirma a professora.
Pequenas sensações
Reunir os pequenos em uma roda abre espaço para conhecê-los melhor. Para entender as relações de preconceito e identidade, vale a pena apresentar revistas, jornais e livros para que as crianças se reconheçam (ou não) no material exposto. A roda é o lugar de propor projetos, discutir problemas e encontrar soluções. Também é o melhor espaço para debater os conflitos gerados por preconceitos quando eles ocorrerem. Nessa hora, não tema a conversa franca e o diálogo aberto.
VÍDEOS E CONTOS
A contação de histórias merece lugar de destaque na sala de aula. Ela é o veículo com o qual as crianças podem entrar em contato com um universo de lendas e mitos e enriquecer o repertório. Textos e imagens que valorizam o respeito às diferenças são sempre muito bem-vindos.
BONECOS NEGROS
As crianças criam laços com esses brinquedos e se reconhecem. É interessante associar esses bonecos ao cotidiano da escola e das próprias crianças, que podem se revezar para levá-los para casa. A presença de bonecos negros é sinal de que a escola reconhece a diversidade da sociedade brasileira. Caso não encontre bonecos industrializados, uma boa saída é confeccioná-los com a ajuda de familiares.
TOQUE
Mexer nos cabelos e trocar pequenos carinhos é uma forma de cuidar das crianças e romper possíveis barreiras de preconceitos. O trabalho com o cabelo abre caminho para estudar tamanho, textura, cor e permite aprender que não existe cabelo ruim, só estilos diferentes.
COMIDA
Pesquisar a história de alimentos de origem africana é um jeito de valorizar a cultura dos afro-descendentes. Melhor ainda se houver degustação, com o apoio da comunidade. As aulas de culinária são momentos ricos para enfocar as heranças culturais dos vários grupos que compõem a sociedade brasileira.
A música desenvolve o senso crítico e prepara as crianças para outras atividades. Conhecer músicas em diferentes línguas, e de diferentes origens, é um bom caminho para estimular o respeito pelos diversos grupos humanos. E isso se aplica a todas as formas de Arte.
– Valorizam quem se sente menosprezado.
– Estimulam o respeito à diversidade.
– Formam cidadãos preocupados com acoletividade.
Centro Municipal de Educação Infantil Creche Vovô Zezinho, R. do Comércio, s/no, 40010-000, Salvador, BA , tel. (71) 3611-7353 begin_of_the_skype_highlighting (71) 3611-7353 end_of_the_skype_highlighting
EMEI Iniciação/Pezinhos Descalços, R. José Jorge Filho, 90, 03101-048, Campinas, SP , tel. (19) 3253-6118 begin_of_the_skype_highlighting (19) 3253-6118 end_of_the_skype_highlighting
INTERNET
Endereço eletrônico do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) e traz apostilas do Programa São Paulo – Educando pela Diferença para a Igualdade, com diversas sugestões de atividades para sala de aula
Site do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e da Desigualdade, que produz material didático e de apoio para professores trabalharem a questão racial
BIBLIOGRAFIA
Aguemon, Carolina Cunha, 54 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677 begin_of_the_skype_highlighting (11) 3241-3677 end_of_the_skype_highlighting, 30 reais
As Tranças de Bintou, Sylviane Diouf, 32 págs,. Ed. Cosac Naify, tel. (11) 3823-6590 begin_of_the_skype_highlighting (11) 3823-6590 end_of_the_skype_highlighting, 31 reais
Bruna e a Galinha d\’Angola, Gercilga de Almeida, 24 págs., Ed. Pallas, tel. (21) 2270-0186 begin_of_the_skype_highlighting (21) 2270-0186 end_of_the_skype_highlighting, 21 reais
Educação como Prática da Diferença, Anete Abramowicz, Lucia Maria de Assunção Barbosa e Valter Roberto Silvério, 184 págs., Armazém do Ipê, tel. (19) 3289-5930 begin_of_the_skype_highlighting (19) 3289-5930 end_of_the_skype_highlighting, 33 reais
Irê Ayô: Mitos Afro-brasileiros, Vanda Machado e Carlos Petrovich, 123 págs., EDUFBA, tel. (71) 3263-6164 begin_of_the_skype_highlighting (71) 3263-6164 end_of_the_skype_highlighting, 20 reais
Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais, org. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 264 págs., tel. (61) 2104-6183 begin_of_the_skype_highlighting (61) 2104-6183 end_of_the_skype_highlighting (distribuição gratuita para escolas)
Trabalhando a Diferença na Educação Infantil, Anete Abramowicz, Valter Roberto Silvério, Fabiana de Oliveira e Gabriela Guarnieri de Campos Tebet, 127 págs., Ed. Moderna, tel. 0800-17-2002, 23,50 reais
Tramas da Cor – Enfrentando o Preconceito no Dia-a-Dia Escolar, Rachel de Oliveira, 121 págs., Ed. Selo Negro/Edições Summus, tel. (11) 3865-9890 begin_of_the_skype_highlighting (11) 3865-9890 end_of_the_skype_highlighting, 22 reais
Xangô, o Trovão, Reginaldo Prandi, 64 págs., Ed. Cia. das Letrinhas, tel. (11) 3707-3500 begin_of_the_skype_highlighting (11) 3707-3500 end_of_the_skype_highlighting, 30,50 reais
Estou elaborando um projeto para faculdade você me ajudou a clariar a mente, seu blog é de mais parabéns.
Site maravilhoso, com diversidade de atividades. Adorei a abordagem dos temas. PARABÉNS!!!